Archive for Agosto, 2009

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Caim, de Saramago

28 de Agosto de 2009

Anunciado o lançamento de Caim, de José Saramago. Pelo título já se adivinha mais uma nova leitura de um episódio bíblico (cf. O Evangelho Segundo Jesus Cristo). Ler o texto de apresentação de Pilar del Rio aqui.

Via Ípsilon.

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Desenhando Lobo Antunes em New York

24 de Agosto de 2009

Ver aqui.

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ainda sobre a crítica

21 de Agosto de 2009

Graça Martins seleciona dois textos, um de António Guerreiro e outro de Fernando Pinto do Amaral, aqui.

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Golding e o mal

17 de Agosto de 2009

Ao que parece, os diários de William Golding, autor de Lord of the Flies (O Deus das Moscas, na tradução portuguesa), revelam que tentou violar uma rapariga durante a adolescência.

Ler mais no Guardian e no The Independent.

Via Senhor Palomar e Irmão Lúcia.

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agradecimento #8

17 de Agosto de 2009

A propósito desta crítica, António Luís Catarino diz algo que me enche de orgulho.

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O Som e a Fúria, de William Faulkner

17 de Agosto de 2009

É o que eu digo, quem nasce puta morre puta

– O Som e a Fúria, William Faulkner


O Som e a Fúria (1929), opus magnus de William Faulkner, é um dos mais geniais volumes da literatura do século XX. Distingue-se não apenas pelo enredo da narrativa (declínio da aristocracia sulista dos EUA, racismo, ambição) mas pelo modo como é narrada. Como os europeus James Joyce e Virginia Woolf, Faulkner adopta um estilo narrativo conhecido como stream of consciousness, o fluxo de consciência que tenta reproduzir a actividade mental do narrador. Em O Som e a Fúria, este fluxo não é apenas um artifício estilístico mas antes uma peça importante no quebra-cabeças, um dado suplementar para a compreensão da trama.
Dividido em quatro partes, cada uma com um narrador diferente (sendo a última a única com uma sequência narrativa quase comum), O Som e a Fúria encerra em si a decadência de uma família aristocrata sulista, os Compsons, na cidade ficcional de Jefferson, no também ficcional condado de Yoknapatawpha. Jason Compson e Caroline Bascomb Compson têm quatro filhos: Quentin, Caddy, Jason e Benjy. Quentin, o mais inteligente, vai para Harvard depois de a família vender parte dos seus terrenos para o sustentar. Caddy tem uma vida sexual precoce e promíscua, acaba por dar à luz uma filha ilegítima e por isso é expulsa de casa pelo marido. Jason é, segundo a mãe, o único Bascomb, mesmo que tenha herdado o nome paterno; frio, calculista, ambicioso, torna-se no chefe de família, sustentando a mãe e a sobrinha. Por fim Benjamin, que nasceu com o nome de Maury em honra do irmão de Mrs. Caroline, tem uma deficiência que lhe impede o desenvolvimento mental. Com os Compsons vive uma família de criados negros, chefiados pela matriarca Dilsey – a cozinheira da casa – que assiste, não sem uma ponta de satisfação, ao declínio dos aristocratas.
Cada uma das quatro partes do livro é entregue a um narrador diferente. O primeiro é Benjy, o atrasado mental, que, sem qualquer tipo de linha cronológica, mistura as memórias da sua infância com o que vê na altura da narração. O seu pensamento é irregular, confuso, labiríntico. Benjy narra o dia em que faz trinta e três anos e, através de Lester, o criado encarregue de tratar dele em 1928, descobrimos que se comporta como uma criança de três. Benjamin não consegue comunicar a não ser através do choro. Esta primeira parte é um autêntico pesadelo para os leitores. Como diz Luís Miguel Queirós, a esta altura da narração «não fazemos ideia do que […] se está realmente a passar» algo que, como leitores orgulhosos que somos, nos custa a admitir mas que é vital para a compreensão deste livro. Enquanto leitores, devemos ainda agradecer aos bons tradutores (neste caso a Ana Maria Chaves) pela simplificação do texto, e à língua mãe a não existência de um artigo neutro. Isto porque existem dois persongens com o mesmo nome: Quentin, o irmão mais velho; e Quentin, a filha de Caddy. Embora separados no tempo, no discurso de Benjy não há qualquer distinção entre os dois. Várias vezes dei por mim a voltar atrás, perguntando-me se já não tinha visto o mesmo personagem com um pronome diferente, algo que no texto original se tornava impossível de discernir. Só quando admitimos a nossa própria incapacidade de compreensão é que nos permitimos apreciar as suaves nuances do discurso peculiar de Benjy. Percebemos então que entre este pateta e a irmã, Caddy, há uma ligação especial. Tão especial que Benjy foi capaz de reconhecer no cheiro da irmã a altura em que ela perdeu a virgindade, anúncio do seu comportamente sexual ulterior. Caddy, a verdadeira personagem central do livro – como admitiu Faulkner – é a única, com a excepção da criada Dilsey, que gosta realmente de Benjy. Essa ligação é recíproca: na infância, apenas o abraço de Caddy era capaz de acalmar Benjamin; enquanto adulto, Benjy gostava de se aproximar do campo de golfe contíguo à casa dos Compsons para ouvir os golfistas chamarem os seus caddies.
O segundo narrador é Quentin, o filho mais velho da família. Em certos aspectos, esta parte pode ainda ser menos intelígível que a primeira, apesar de o discurso ser mais coerente, mais linear e mais objectivo. É, no entanto, o discurso de um homem em estado depressivo, momentos antes de se suicidar, sucumbindo ao peso de princípios arcaicos de honra que a sua irmã, a pessoa a quem mais estava ligado, não foi capaz de cumprir. No final do capítulo já não há pontuação e a cadência lembra a de uma descida vertiginosa em espiral, espelho daquilo que Quentin vive. Na verdade, a ligação entre Quentin e Caddy é um dos aspectos mais fascinantes de toda a história. A certa altura o rapaz confessa ao pai: «Cometi incesto disse eu Pai fui eu não foi o Dalton Ames» (pág. 72) – na esperança de salvar a irmã da desonra de uma gravidez. Apesar de o incesto não ser fisicamente practicado, é inegável que a relação entre os dois irmãos é, de facto incestuosa, pelo menos afectivamente incestuosa, passando em larga escala o relacionamento normal entre irmãos. O fluxo de consciência de Quentin na sua narração é a grande pista para o seu suicídio que nunca é explicitamente declarado e apenas sugerido, embora somente na quarta parte do livro: «Ela devia pelo menos ter tido por mim a consideração suficiente para deixar um bilhete. Até o Quentin deixou» (pág. 267).
O terceiro narrador é Jason, o irmão de Caddy, Quentin e Benjy, novamente no ano do trigésimo terceiro aniversário de Benjy (a narração de Quentin havia regressado dezoito anos ao passado, no dia em que o jovem se suicida). Jason é o filho preferido de Mrs. Caroline, segundo ela o único em que corria sangue da sua família, os Bascombs. Por isso mesmo, Caroline sempre sentiu que todos os outros filhos a odiavam – apenas assim explicava a si própria o suicídio de Quentin e a promiscuidade de Caddy – e se uniam, com o pai, contra ela. Promovido a chefe de família pela morte do pai, Jason vê-se obrigado a trabalhar num armazém para conseguir sustentar uma família pela qual não sente qualquer tipo de ligação. Para além da mãe, velha, do irmão, incapacitado mentalmente, Jason tem ainda de cuidar da sobrinha Quentin, filha de Caddy. É com Quentin que mais atrito se forma, pela constante desobediência e revolta da jovem. Jason trata-a com desprezo e mão de ferro, a sobrinha vinga-se num comportamente irreflectido e promíscuo que Jason qualifica como hereditário: «Quem nasce puta morre puta, é o que eu digo» (pág. 163). O discurso de Jason é o espelho da sua personalidade (como já o era o de Benjamin e de Quentin nas partes anteriores): é claro, objectivo, racional, frio. Jason é um homem movido pela sede do dinheiro. Joga na bolsa de valores do mercado de algodão, rouba o dinheiro da mãe, rouba o dinheiro da sobrinha. É um personagem detestável, raivoso, vingativo com laivos sádicos, inflexível, cruel e hipócrita: «Só quero uma oportunidade para recuperar o meu dinheiro. E quando isso acontecer podem trazer para cá para casa os bordéis em peso e os manicómios e então podem dormir dois na minha cama e outro pode ficar com o meu lugar à mesa» (pág. 235).
A quarta parte traz o único narrador heterodiegético do livro o que, todavia, não o torna mais fiável. A narração adopta uma estrutura mais comum, o fluxo de consciência é abandonado e a visão centra-se em Dilsey, a criada negra que acompanhou o declínio trágico da família. É quase como uma visita ao backstage dos Compsons: Dilsey e a família de criados mantêm tudo a funcionar no que resta da antiga casa.
O Som e a Fúria é uma obra-prima. Os seus múltiplos narradores são a definição de unreliable narrators. Mesmo ao virar da última página o leitor fica sem saber exactamente o que acabou de ler: presenciou quatro testemunhos diferentes da mesma família e todos eles se revelaram extraordinariamente egoístas: não só porque centram a sua narrativa em si próprios (definição de família: as pessoas que estão à nossa volta) mas porque mostram um total desrespeito pelo narratário – a narrativa é fragmentária, incongruente, inconclusiva. E por isso mesmo fascinante, viciante, brilhante, genial. Os personagens apresentam um grau impressionante de complexidade psicológica, com destaque evidente para os três narradores e para Caddy que permanece um mistério sedutor. Caddy é, efectivamente, a personagem central do romance, ausente, inalcançável, desejada (por Benjy e Quentin) e odiada (por Jason). Caddy é o centro, princípio e fim dos Compsons. Como diz Disley: «Vi o começo e agora vejo o fim» (pág. 265).
Magistralmente bem escrito, O Som e a Fúria leva o stream of counsciousness aos extremos, usa-o com destreza para acrescentar profundidade a cada um dos narradores. Carregado de uma beleza inigualável, Faulkner leva pela mão os leitores num passeio pela decadente cidade de Jefferson. É impossível descrever a prosa de Faulkner pelo simples facto de que não é uma mas quatro. Cada uma das partes do livro apresenta características discursivas marcadamente distintas e magistralmente bem orquestradas.
De leitura difícil (admita-se que não é fácil passar metade do livro sem fazer ideia do que se está a ler), O Som e a Fúria é uma obra ímpar e indispensável. Por não o ter lido mais cedo, felicito-me (porque não lhe reconheceria tanta qualidade) e odeio-me (porque me privei de uma das maiores obras da literatura), certo de que será um dos livros a que voltarei como se fora a primeira vez – incauto, perdido, maravilhado.

Publicado originalmente no Rascunho.

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Crítica no Rascunho

16 de Agosto de 2009

Arrastar Tinta, de Pedro Eiras e Nuno Barros.

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livros para todo o ano #18

13 de Agosto de 2009

Lord of the Flies, William Golding

#1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 #11 #12 #13 #14 #15 #16 #17

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De volta à crítica

12 de Agosto de 2009

no Rascunho. Depois de alguns meses de inactividade, escrevo, de novo, sobre um livro. O Som e a Fúria, claro. Estava destreinado, saíu-me a ferros, estive até às cinco da manhã a escrever. Mas sabe bem. Muito bem. Vejam-na aqui.

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Acho que não fui suficientemente claro

11 de Agosto de 2009

quando sugeria O Som e a Fúria como uma boa leitura. Não é apenas uma boa leitura; não é apenas um livro para ser lido em qualquer altura do ano; é um livro fabuloso. Uma narrativa compulsiva, obrigatória, desorientadora, explosiva, ácida. Odeio-me por não ser capaz de, neste momento, vos transmitir tudo o que este livro é; talvez nunca seja capaz, talvez ninguém seja. Não conheço nenhum adjectivo civilizado com a força suficiente para lhe ser adequado. A linguagem vernacular tem a força mas não tem a classe. Servir-me-ei de uma mescla das duas para dizer a toda a gente, bem alto, que O Som e a Fúria é um livro brilhante comò caralho!

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livros para todo o ano #17

11 de Agosto de 2009

The Sound and the Fury, William Faulkner

#1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 #11 #12 #13 #14 #15 #16

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Parabéns

11 de Agosto de 2009

Pedro. Um abraço.

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Caminho numa vaga surrealista #4

9 de Agosto de 2009

ars magna

Devo ter corredores por onde ninguém passe devo ter um mar próprio e olhos cintilantes
devo saber de cor o ceptro e a espada
devo estar sempre pronto para ser rei e lutar
devo ter descobertas privativas implicando viagens ao grande imprevisto
de um pássaro as ossadas de uma ilha a floresta do teu peito o animal que inanimado canta
devo ser Júlio César e Cleópatra a força do Dniepper e o carmim dos olhos de El-Rei D. Dinis
devo separar bem a alegria das lágrimas
fazer desaparecer e fazer que apareça
dia sim dia não
dia sim dia não
devo ter no meu quarto espelhos mais perfeitos técnicas mais sérias prestígios maiores
devo saber que és forte e amplo transparente e colher-te murmúrio flébil aureolado
que eu arranco da luz que encharca o mundo
dia sim dia não dia sim dia não
devo portar-me bem à saída do teatro
devo dar e tirar as chaves do universo
num passo ágil belo natural
e indiferente ao triunfo aos castigos aos medos
fitar unicamente, sob as luzes da cúpula, o voo tutelar da invisível armada

CESARINY, Mário
1981 Manual de Prestidigitação, 2º Edição, Assírio & Alvim, Lisboa, 2005, p. 135.

Lido por Mário Cesariny no blog da Assírio & Alvim.

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Quantos livros de poesia comprei este ano?

7 de Agosto de 2009

Perguntou João Luís Barreto Guimarães. Enumeremo-los:

As Flores do Mal, Charles Baudelaire, Relógio D’Água;
Livro de Receitas, Luís Adriano Carlos, Campo das Letras;
Um Beijo que Tivesse um Blue, Ana Cristina César, Quasi;
Manual de Prestidigitação, Mário Cesariny, Assírio & Alvim;
*Arrastar Tinta, Nuno Barros / Pedro Eiras, Deriva;
Juros de Demora, Manuel de Freitas, Assírio & Alvim;
Ofício Cantante, Herberto Helder, Assírio & Alvim;
A Luz nos Pulmões, Jorge Melícias, Quasi;
O Dom Circunscrito, Jorge Melícias, Quasi;
Incubus, Jorge Melícias / Antoine Pimentel, Quasi;
Relâmpago nº23, AAVV, Fundação Luís Miguel Nava;
*Teoria dos Conjuntos, Jorge Reis-Sá, A Casa dos ceifeiros.

É possível que me estejam a falhar alguns, mas não muitos mais. Certo, a Relâmpago não é um livro mas uma revista de poesia; ainda assim conto-a. Ainda de referir que esta lista não diz respeito exactamente a meio ano: a questão é que, por razões evidentemente económicas, a certa altura, deixei de conseguir comprar tanto quanto gostaria. A maior parte destes livros foi, portanto, comprada no primeiro trimestre do ano.

*Os livros assinalados com este asterisco não foram comprados mas gentilmente oferecidos pelos respectivos autores a quem, mais uma vez, aproveito para agradecer.

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Está tudo dito

6 de Agosto de 2009

A forma ignara, mas sinceramente interessada como perguntou a Ian McEwan como é que ele fazia para se pôr na cabeça das personagens mulheres, e a sua insistência na questão, e se o outro teria pesquisado o assunto,não poderiam ser mais eloquentes. Ian McEwan, que deve estar habituado à asneira, lá foi esclarecendo, sensatamente, a criatura. O apresentador não só não tem um pingo de talento para a escrita, do ponto de vista formal, como não faz ideia da forma como um escritor a sério “pensa”.

– Possidónio Cachapa, in Prazer_Inculto

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Toda a gente critica a crítica

5 de Agosto de 2009

Toda a gente tem uma opinião sobre a crítica literária mesmo que não tenha opinião sobre literatura, e toda a gente tem uma opinião sobre crítica de música mesmo que não tenha uma opinião sobre música […]. A todos eles recomendo que leiam a crítica onde Anthony Burgess escreveu aquela pérola, «nunca leio um livro sem primeiro o criticar, para depois não dizerem que tenho preconceitos».

– Francisco José Viegas, in A Origem das Espécies

Escreveu isto o Francisco José Viegas a propósito do caso João Bonifácio. Não vou falar sobre este caso em particular, perdi a oportunidade, sobre ele já se escreveram centenas de linhas e a minha posição em nada difere da maioria delas. Aproveito só este fragmento do FJV pela sua universalidade e intemporalidade.

A opinião geral da população é: os críticos são párias da sociedade artística. Sanguessugas. Artistas falhados, raivosos, invejosos. Ampolas de veneno sem fundo. Dizem mal de todos, menos dos amigos. Como em muitas outras coisas, há verdade nesta opinião. Como tantas outras, esta generalização é errada.

É impossível, à crítica, a imparcialidade que tantas vezes se lhe pede. De todos os estudos artísticos, a crítica é o mais subjectivo e o mais sujeito a erro, o que faz com que o seu exercício seja o mais inglório. E, simultaneamente, aliciante.

Crítica não é sinónimo de opinião. Opinião é dizer: gosto deste livro, não gosto daquele. Crítica é dizer: este livro é bom, aquele é um atentado. Claro, seria ingénuo não reconhecer que a opinião tem influência na crítica, é parte da sua componente subjectiva, mas é redutor assumir que a crítica é apenas opinião.

Toda a gente está autorizada a discursar sobre a crítica, a crítica é que não pode falar sobre nada (estranho caso, impedi-la da sua função). Ninguém lhe acha importância quando é má, colam-na nas contracapas dos livros quando é laudatória. Na minha curta, curtíssima, carreira (se assim tiverem a bondade de chamar), já tive oportunidade de o comprovar. Um autor, meu conhecido, após ler uma breve nota crítica que dediquei ao seu primeiro livro, declarou que não escrevia para críticos – está bom de ver qual o conteúdo da minha resenha.

Em resumo: os críticos são criaturas vis; excepto quando falam bem dos que gostamos.

Assunto a desenvolver mais tarde.

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Caminho numa vaga surrealista #3

1 de Agosto de 2009

O Manifesto Surrealista de André Breton (1924). (In English / Em Português).

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Não há outra palavra a não ser ROUBO

1 de Agosto de 2009

Para aquilo que os senhores – e uso senhores como se merecessem algum tipo de respeito, que não merecem – da Tribuna da História fizeram ao Pedro Vieira. Embora o autor teime em chamar rabiscos aos seus desenhos (normalmente assina-os com rabiscos vieira), continuam a ser propriedade intelectual privada. O seu uso pressupõe compensação para o autor. O Pedro nem sequer foi informado, quanto mais pago. Foi um roubo portanto, tal como se os senhores – e uso senhores para os distinguir dos demais ladrões, esses sim, ainda merecem algum respeito, mais que não seja porque têm a frontalidade de espetar com uma carabina na cara de quem querem roubar – tivessem ido ao bolso do Pedro. O que lhe fizeram foi pior, foram-lhe à cabeça, aos dedos, à alma e roubaram o Pedro Vieira. O que mais me enfurece ainda é que esses palhaços – cansei-me de ser civilizado – estão a ter uma onda de publicidade gratuita e fácil, não me espantaria nada que por causa deste episódio as vendas do maldito livro subissem. Não é segredo para ninguém o gosto perverso da humanidade em assistir e contribuir para a tirania. Ainda assim, mesmo que esses patifes ainda consigam lucrar com toda esta fantochada, os homens de bem não podem ficar calados e quietos. Não sei que tipo de efeito terá um boicote vindo do mundo dos blogs a uma editora que já de si, certamente, vende pouco, mas, ainda assim gostava de vê-lo. Mais que não fosse para que o Pedro saiba que não está sozinho nesta luta e que o chico-espertismo, felizmente, é mal visto.

Leiam a indignação, como só o Pedro a sabe escrever, aqui.