Uma das maiores poetas da contemporaneidade, brilhantemente declamada pelo grande Christopher Walken:
Archive for Abril, 2010

Pequeno interlúdio de Abril
25 de Abril de 201025 de Abril sempre! (a partir de 2:30)
E o último Baladeiro de Abril, autor do maravilhoso Lenine Giroflé

Momento histórico
24 de Abril de 2010Hoje tive a oportunidade de ouvir, numa conferência que certamente recordarei toda a vida, o mais importante Shakespeare Scholar contemporâneo. Quem não estiver tão interessado como eu nos limites do ódio de Shylock, pode sempre ver Stephen Greenblatt no Colbert Report aqui.
Dica da Minês e da Filipa.

The rumors of his death were greatly exaggerated
21 de Abril de 2010
Mesmo aqui ao lado
21 de Abril de 2010e eu não tive oportunidade de passar no LeV. Paciência, fica para o ano. Dizem-me que foi bom, mesmo com as ausências vulcânicas. Fico contente. Para o ano, para o ano.
[Estive para escrever: mesmo aqui à minha beira, mas não quis que se estranhasse o regionalismo].

Apresentação de Tentações, de Pedro Eiras
20 de Abril de 2010
Antígona, TNSJ
18 de Abril de 2010Saí da sala decepcionado. Então, o que achaste da Antígona[personagem]? Não foi brilhante. Disse ‘não foi brilhante’ como quem diz não gostei — eufemismo. Mas, horas passadas, a Antígona cresceu em mim: agora a resposta seria a mesma, mas como quem diz que não foi absolutamente perfeita — e essa ligeira imperfeição é que me agradou. É preciso saber que Antígona não é uma heroína, como Creonte não é um tirano; estando em lados opostos, nenhum dos dois está do lado certo (o que é o lado certo?). Uma Antígona perfeita lutaria com os pulmões na garganta para enterrar o seu irmão. A Antígona que Nuno Carinhas construiu em Maria do Céu Ribeiro encarna uma revolta submissa: a força que a leitura imediata esperaria encontrar é substituída por uma certa inquietação em cada palavra. Esperava força em Antígona, encontrei conflito — desobedecer a uma ordem dos homens para obedecer a uma ordem dos deuses não é exactamente revolução. Ainda bem que a Antígona não foi brilhante; gosto mais dela assim.

Dia 14 de Abril, às 18h00
12 de Abril de 2010Vou estar na Fnac de Santa Catarina a apresentar Tentações. Ensaio sobre Sade e Raul Brandão de Pedro Eiras. Apareçam por lá, serão muito bem recebidos.

De novo um toldo vermelho
9 de Abril de 2010Agora Francisco Vale, editor da Relógio D’Água, examina a leitura da crítica sobre o polémico livro de Joaquim Manuel Magalhães, Um Toldo Vermelho. Limito-me a apontar. Mais nada. Não sou homem de entrar em polémicas.

Light of my life, fire of my loins #2
9 de Abril de 2010Esta é uma análise em diferido. O livro, esse, já o terminei há quase duas semanas. É-me difícil recriar tudo o que pensei quando lia esta obra magistral. Deixo apenas mais uma nota, para que o humor não passe despercebido. Em primeiro lugar, há que ter em consideração este famoso solilóquio de Macbeth, de Shakespeare:
To-morrow, and to-morrow, and to-morrow,
Creeps in this petty pace from day to day
To the last syllable of recorded time,
And all our yesterdays have lighted fools
The way to dusty death. Out, out, brief candle!
Life’s but a walking shadow, a poor player
That struts and frets his hour upon the stage
And then is heard no more: it is a tale
Told by an idiot, full of sound and fury,
Signifying nothing.Macbeth, act V sc. V.
E agora, uma pequena passagem do final de Lolita, quando Humbert Humbert confronta Quilty e este tenta comprar a sua vida. Diz Clare Quilty (que é como quem diz Clearly Guilty):
I have not much a the bank right now but I propose to borrow — you know, as the Bard said, with that cold in his head, to borrow and to borrow and to borrow.
NABOKOV, Vladimir
1955 Lolita; ed. ut.: London, Penguin, 2000, p. 301.
Hilariante, right? Enfim, agora é tempo de voltar a Justine (já tinha dito que estou a ler Sade?).

Light of my life, fire of my mind
2 de Abril de 2010Releio, desta vez no original inglês. A cada palavra, génio. O primeiro capítulo da primeira parte é case in point.
Lolita, light of my life, fire of my loins. My sin, my soul. Lo-lee-ta: the tip of the tongue taking a trip of three steps down the palate to tap, at three, on the teeth. Lo. Lee. Ta.
She was Lo, plain Lo in the morning, standing four feet ten in one sock. She was Lola in slacks. She was Dolly at school. She was Dolores on the dotted line. But in my arms she was always Lolita.
Did she have a precursor? She did, indeed she did. In point of fact, there might have been no Lolita at all had I not loved, one summer, a certain initial girl-child. In a princedom by the sea. Oh when? About as many years before Lolita was born as my age was that summer. You can always count on a murderer for a fancy prose style.
Ladies and gentlemen of the jury, exhibit number one is what the seraphs, the misinformed, simple, noble-winged seraphs, envied. Look at this tangle of thorns.
NABOKOV, Vladimir
1955 Lolita; ed. ut.: London, Penguin, 2000, p. 9.
Impressionante. O rigor e o encanto da aliteração disfarçada. O give and take do perverso Humbert que nos dá, de imediato, o desfecho da narrativa e provas da sua incoerência — ele, que durante toda a vida desprezou psicólogos e psicanalistas, oferece uma explicação baseada na infância para a sua preferência sexual. E a multiplicação de Lolita em múltiplas personagens aos olhos de Humbert (Dolores, Lola, Dolly, Lolita, Lo) que provoca a complexificação de um carácter que nas mãos de um autor menos talentoso se reduziria a um personagem-tipo sem interesse. Lolita é magistral.