Posts Tagged ‘António’

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Dia Nobre

9 de Maio de 2010

(Mais no Flickr)

Na praia lá da Boa Nova, um dia,
Edifiquei (foi esse o grande mal)
Alto castelo, o que é a fantasia,
Todo de lápis-lazúli e coral!

Naquelas redondezas não havia
Quem se gabasse dum domínio igual:
Oh, castelo tão alto! parecia
O território dum senhor feudal!

Um dia (não sei quando, nem sei donde)
Um vento seco de deserto e spleen
Deitou por terra, ao pó que tudo esconde,

O meu condado, o meu condado, sim!
Porque eu já fui um poderoso conde,
Naquela idade em que se é conde assim…

Porto, 1887.
NOBRE, António
1887 «Na praia lá da Boa Nova, um dia»; ed. ut.: in , Mem Martins, Publicações Europa-América, 1994, p. 127.
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Perdoem-me o silêncio, caros senhores,

8 de Fevereiro de 2010

mas o trabalho dos últimos meses foi intenso. Se ainda estiver alguém desse lado, e interessado, não o aborreço com relatos do comum trabalho académico. Opto por o definir numa palavra: exaustivo. A única coisa que consegui ler, no pouco tempo vago que me sobrou, valeu por ser uma obra-prima e, provavelmente, um dos livros da minha vida: Crime e Castigo, de Fiódor Dostoievski (trad. António Pescada, Relógio D’Água). E que livro. No fim de contas, o silêncio acabou por cair bem, não saberia o que dizer perante Raskolnikov. Na noite de sexta-feira reli, de dois fôlegos, A Metamorfose. Agora, estou na companhia de Philip Roth em A Conspiração contra a América. Este espaço vai-se afastar do alvo da objectividade crítica com que o iniciei há quase ano e meio atrás e vai estar cada vez mais subjogado ao subjectivo leitor que sou. A reflexão crítica imparcial, não-impressionista, ponderada, vai estar no sítio devido. A partir de agora, por aqui, os latidos a sangue quente vão reinar. E eu prometo, prometo, que vou manter uma actividade regular. Até à altura em que, novamente, não a consiga manter.

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Um Poeta no Sapato

31 de Outubro de 2009

A última Quinta de Leitura foi brilhante. Fica um dos poemas que, como dito, brilhou na noite, de A. Pedro Ribeiro.

E cá está o poeta de café, só, diante da folha que já não é branca. E cá está o poeta a olhar, a ver se gajas que o entusiasmem, que o façam cavalgar. As gajas boas são as musas que lhe dão tesão, que o fazem sair da letargia. Mesmo que nunca as conheça, que nunca fale com elas, o poeta depende das gajas. São elas que se insinuam, são elas as ancas que gingam, são elas as mamas que abanam. O poeta sem as gajas não é nada. O poeta não cria, o poeta não escreve, o poeta não vibra sem as gajas. O poeta pensa no assunto e bebe. Bebe cada vez mais, fino após fino mas as gajas boas não aparecem. Só entram gajas feias e engravatados. O poeta aborrece-se e bebe. Bebe, bebe, bebe, até que rebenta.
– A culpa é vossa, gajas boas,
só aparecestes agora que o poeta está rebentado, feito em pedaços
olhai que perda para a Humanidade
olhai que se tivesses aparecido a tempo
o poeta teria escrito a obra imortal
de agora em diante ide, ide pelos campos
à procura dos poetas
ide dar-lhes de comer e de beber
a vida dos poetas está na vossa mão
e nas vossas mamas
e na vossa pássara
sede dignas dos poetas, ò gajas boas.

 

 

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ainda sobre a crítica

21 de Agosto de 2009

Graça Martins seleciona dois textos, um de António Guerreiro e outro de Fernando Pinto do Amaral, aqui.

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agradecimento #8

17 de Agosto de 2009

A propósito desta crítica, António Luís Catarino diz algo que me enche de orgulho.

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A Crítica ao Crítico

30 de Junho de 2009

Suponho que por ossos do ofício, ultimamente tenho-me visto mais do lado da crítica do que do lado da arte. Cheguei mesmo a enviar um tweet sobre o assunto – embora me referisse a uma polémica dentro do mundo da música e não da literatura. Mas também as há, as polémicas, dentro do mundo da crítica literária. Chamou-me a atenção esta em particular. Não consegui ter acesso ao texto de António Guerreiro o que, naturalmente, não me torna possível uma opinião imparcial. Admito, menos imparcial ainda porque se trata de uma editora que publica autores que me são próximos e autores de que gosto muito. Apesar de tudo, neste espaço, reservo-me ao direito da parcialidade.

Portanto, considero admirável a maneira como a Deriva defende João Paulo Sousa e o seu livro (aqui e aqui): é bom ter uma editora que confie assim nos seus autores. A Deriva conseguiu trazer-me um pouco de volta ao lado da arte – por isso lhe agradeço. E agora, uma curiosidade tremenda em ler O Mundo Sólido.

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olhar os grandes

19 de Junho de 2009

O Clube Literário do Porto guiou-me para aqui. Guiai-vos também. Manuel António Pina é, cada vez mais para mim, um gigante.