Posts Tagged ‘Citação’

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Sylvia, I

8 de Setembro de 2010

Aftermath

Compelled by calamity’s magnet
They loiter and stare as if the house
Burnt-out were theirs, or as if they thought
Some scandal might any minute ooze
From a smoke-choked closet into light;
No deaths, no prodigious injuries
Glut these hunters after an old meat,
Blood-spoor of the austere tragedies.

Mother Medea in a green smock
Moves humbly as any housewife through
Her ruined apartments, taking stock
Of charred shoes, the sodden upholstery:
Cheated of the pyre and the rack,
The crowd sucks her last tear and turns away.

Plath, Sylvia
1959 «Aftermath»; ed. ut.: in Complete Poems, New York, HarpperCollins, 113-114.

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Light of my life, fire of my loins #2

9 de Abril de 2010

Esta é uma análise em diferido. O livro, esse, já o terminei há quase duas semanas. É-me difícil recriar tudo o que pensei quando lia esta obra magistral. Deixo apenas mais uma nota, para que o humor não passe despercebido. Em primeiro lugar, há que ter em consideração este famoso solilóquio de Macbeth, de Shakespeare:

To-morrow, and to-morrow, and to-morrow,
Creeps in this petty pace from day to day
To the last syllable of recorded time,
And all our yesterdays have lighted fools
The way to dusty death. Out, out, brief candle!
Life’s but a walking shadow, a poor player
That struts and frets his hour upon the stage
And then is heard no more: it is a tale
Told by an idiot, full of sound and fury,
Signifying nothing.

Macbeth, act V sc. V.

E agora, uma pequena passagem do final de Lolita, quando Humbert Humbert confronta Quilty e este tenta comprar a sua vida. Diz Clare Quilty (que é como quem diz Clearly Guilty):

I have not much a the bank right now but I propose to borrow — you know, as the Bard said, with that cold in his head, to borrow and to borrow and to borrow.

NABOKOV, Vladimir
1955 Lolita; ed. ut.: London, Penguin, 2000, p. 301.

Hilariante, right? Enfim, agora é tempo de voltar a Justine (já tinha dito que estou a ler Sade?).

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Dia de Poesia

21 de Março de 2010

Emprego e desemprego do poeta

Deixai que em suas mãos cresça o poema
como o som do avião no céu sem nuvens
ou no surdo verão as manhãs de domingo
Não lhe digais que é mão-de-obra a mais
que o tempo não está para a poesia

Publicar versos em jornais que tiram milhares
talvez até alguns milhões de exemplares
haverá coisa que se lhe compare?
Grandes mulheres como semiramis
públia hortênsia de castro ou vitória colonna
todas aquelas que mais íntimo morreram
não fizeram tanto por se imortalizar

Oh que agradável não é ver um poeta em exercício
chegar mesmo a fazer versos a pedido
versos que ao lê-los o mais arguto crítico em vão procuraria
quem evitasse a guerra maiúsculas-minúsculas melhor
Bem mais do que a harmonia entre os irmãos
o poeta em exercício é como azeite precioso derramado
na cabeça e na barba de aarão

Chorai profissionais da caridade
pelo pobre poeta aposentado
que já nem sabe onde ir buscar os versos
Abandonado pela poesia
oh como são compridos para ele os dias
nem mesmo sabe aonde pôr as mãos

BELO, Ruy
1961 «Emprego e desemprego do poeta» in Aquele Grande Rio Eufrates; ed. ut.: in Todos os Poemas, vol. I, 2ªed., Lisboa, Assírio & Alvim, 2004, 29.
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Simão de Cirene #2

6 de Março de 2010

“What’s your trouble? You don’t like your name?”
“No.” Milkman let his head fall to the back of the booth. “No, I don’t like my name.”
“Let me tell you something, baby. Niggers get their names the way they get everything else — the best way they can. The best way they can.” (p. 88)

MORRISON, Toni
1977 Song of Solomon; ed. ut.: New York, Vintage, 2004.
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«a rose / By any other name»

10 de Fevereiro de 2010

capa de o nome da rosa, de Umberto Eco

E tudo quanto vi mais tarde na abadia (e de que falarei depois) fez-me pensar que muitas vezes são os inquisidores que criam os hereges. (p. 50)

ECO, Umberto
1980, Il nome della rosa; ed. ut.: O Nome da Rosa, Lisboa, Público, 2002.

Pergunto-me: é preciso acrescentar mais alguma coisa?

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Reading Ulysses

3 de Outubro de 2009

One born every second somewhere. Other dying every second. Since I fed the birds five minutes. Three hundred kicked the bucket. Other three hundred born, washing the blood off, all are washed in the blood of the lamb, bawling maaaaaa.

JOYCE, James
1922 Ulysses; ed. ut.: [s/d], London, Penguin, 2000 [reimpressão], 208.
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reading Ulysses

1 de Outubro de 2009

*Os funerais divertem Bloom: imagina o caixão a saltar da carruagem e a cuspir o corpo do morto para o paralelo; imagina um enterro de um corpo ainda vivo a morrer asfixiado no caixão; imagina o espaço que se pouparia se se enterrassem os corpos na vertical, ponderando, no entanto, o horror de algum deles decidir espreitar para fora da terra. Repenso: divertem não é o termo exacto. Ou melhor, divertem as in despertam-lhe a curiosidade. Homem curioso, este Bloom. Questiona-se quem é o sujeito de Mackintosh. Questiona-se, repentinamente, como seria se todos trocassem de corpos. E educado? Como explicar a impenetrabilidade da sua feição quando alguém condena o suicídio perto dele: “His father poisoned himself, Martin Cunningham whispered” (pág. 127). Conclusão: é preciso enterrar os mortos. Crusoe tinha razão. Afinal todos os Sextas-Feiras enterram as Quintas-feiras.

JOYCE, James
1922 Ulysses; ed. ut.: [s/d], London, Penguin, 2000 [reimpressão], 139.

*Leitura Luís Mourão (ambos – a leitura e o Luís Mourão – bastante admirados).

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reading Ulysses

1 de Outubro de 2009

If we were all suddenly somebody else.

JOYCE, James
1922 Ulysses; ed. ut.: [s/d], London, Penguin, 2000 [reimpressão], 139.
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A medo, comecei a ler o Ulysses

1 de Outubro de 2009

E não imagino lê-lo noutra língua. Notem bem:

Look clock. Must get. Fermé. Hired dog! Shoot him to bloody bits with a bang shotgun, bits man spattered walls all brass buttons. Bits all khrrrrklak in place clack back. Not hurt? O, that’s all right. Shake hands. See what I meant, see? O, that’s all right. Shake a shake. O, that’s all only all right.

JOYCE, James
1922 Ulysses; ed. ut.: [s/d], London, Penguin, 2000 [reimpressão], 52.
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Se Numa Noite de Inverno Um Viajante começa assim

17 de Setembro de 2009

Estás para começar a ler o novo romance Se Numa Noite de Inverno Um Viajante de Italo Calvino.

Acaba assim:

É só mais um instante. Estou mesmo a acabar Se Numa Noite de Inverno Um Viajante de Italo Calvino.

E pelo meio tem shitloads de génio.

CALVINO, Italo
1979 Se una notte d’inverno un viaggiatore; ed. ut.: Se Numa Noite de Inverno Um Viajante, Público, Porto, 2002, 218.

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ainda sobre a crítica

21 de Agosto de 2009

Graça Martins seleciona dois textos, um de António Guerreiro e outro de Fernando Pinto do Amaral, aqui.