Sobre José Craveirinha e Hilda Hilst falam Maria de Lurdes Sampaio e Inês Castro e Silva. José Caldas lê Clarice Lispector. Amanhã, no No Feminino Com, às 18h30. A não perder.
Sobre José Craveirinha e Hilda Hilst falam Maria de Lurdes Sampaio e Inês Castro e Silva. José Caldas lê Clarice Lispector. Amanhã, no No Feminino Com, às 18h30. A não perder.
Saí da sala decepcionado. Então, o que achaste da Antígona[personagem]? Não foi brilhante. Disse ‘não foi brilhante’ como quem diz não gostei — eufemismo. Mas, horas passadas, a Antígona cresceu em mim: agora a resposta seria a mesma, mas como quem diz que não foi absolutamente perfeita — e essa ligeira imperfeição é que me agradou. É preciso saber que Antígona não é uma heroína, como Creonte não é um tirano; estando em lados opostos, nenhum dos dois está do lado certo (o que é o lado certo?). Uma Antígona perfeita lutaria com os pulmões na garganta para enterrar o seu irmão. A Antígona que Nuno Carinhas construiu em Maria do Céu Ribeiro encarna uma revolta submissa: a força que a leitura imediata esperaria encontrar é substituída por uma certa inquietação em cada palavra. Esperava força em Antígona, encontrei conflito — desobedecer a uma ordem dos homens para obedecer a uma ordem dos deuses não é exactamente revolução. Ainda bem que a Antígona não foi brilhante; gosto mais dela assim.