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Que há-de um leitor fazer? Ou como a APEL vai matar as livrarias

17 de Maio de 2011

(cf. este post de Jaime Bulhosa)

Um leitor confessa-se: compro na Feira do Livro, guardo os livros mais caros para comprar na feira, dificilmente compro algum livro nos dias imediatamente anteriores à feira. Não há como negá-lo, para um orçamento limitado, a feira do livro é uma benção. Em que outro sítio conseguiria comprar a edição de capa dura de Anna Karénina da Relógio D’Água por 20 euros?

Da mesma maneira que, para livros fáceis de encontrar, prefiro as grandes livrarias, como a Bertrand, que me podem dar descontos de 10%, ou mais, em alguns dias. Não me envergonho disso, o consumidor tem o direito de procurar o negócio mais vantajoso.

Mas Jaime Bulhosa tem toda a razão: as livrarias independentes sofrem com a Feira, bastante. Uma associação livreira que não protege os livreiros não tem lugar. Isto preocupa-me. A cada edição, a feira torna-se mais monopolizada pelos grandes grupos. Primeiro a Praça Leya, o ano passado somava-se-lhe a da Porto Editora, este ano, pelo que percebo, a Babel também terá direito a destaque. Os stands destes grupos são despidos de fundos de catálogo, e mesmo o desconto, que se esperava elevado, raramente passa dos 20%, mesmo para os livros que legalmente poderiam ter descontos superiores (com as excepções dos livros do dia).  São pouquíssimas as editoras que disponibilizam livros manuseados a preço reduzido (a Relógio D’Água, por exemplo). A Feira do Livro ainda tem coisas boas, mas parece-me que cada vez mais se está a transformar numa gigantesca campanha de marketing, ou numa daquelas estantes que a Fnac vende para exposição de livros. É que não são só as pequenas livrarias que são prejudicadas por este cenário: não tardará o leitor a pagar o preço da monopolização.

No ano passado, enquanto editor de cultura do JUP, publiquei um artigo sobre esta questão, da autoria de Igor Gonçalves. Podem lê-lo aqui (pp. 22-23).

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